domingo, 25 de dezembro de 2011

E porque a vida não é curta, é breve

 

Desejo um ano de 2012 emoções e realizações

Escolhi esse farol em homenagem ao meu amigo Zé e nossas longas conversas .

Desejo

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconsequentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o João-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.

 Sergio Jockymann

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O Charme de Fiskardo

 

fiskardho L (6)

Sempre demoro a escrever sobre a Grécia porque é quase uma paixão, e fico achando que falo demais sobre esse pais azul! Azuis nas bandeiras, no céu, no mar e nos telhados das casas branquinhas das encostas das três mil ilhas gregas.
Hoje vou apresentar uma vila muito pequena que fica na ilha Cefalônia, Grécia: Fiskardho.
Conheço essa vila desde 2004 e, embora a visite anualmente, sempre quero voltar, porque além de ser um point de moda, é agradável, com muitas praias de águas azuis e suas pedrinhas brancas .
A pequena cidade está entre as montanhas e o mar, espremida numa estreita faixa de terra plana, com casas muito antigas de no máximo três andares e seus bares, lojinhas, bistrôs, cafés e restaurantes, iates e veleiros que circulam a orla.
Ao entardecer, fique de preguiça numa mesinha à beira mar, distraindo o olhar com os movimentos dos barcos nas águas tão transparentes que se pode ver peixes coloridos. Enquanto isso, prove um Frappe – uma bebida tipicamente grega de café gelado, com bailey’s, sorvete de creme, ou leite e gelo, muito gostosa.
A comida é outra atração, peixes frescos e frutos do mar, iogurte grego, que é o melhor do mundo. Atende a todos os gostos, inclusive vegetarianos, nas saladas gregas, no saganaki – queijo de cabra frito servido com limão siciliano. E, naturalmente, a tradicional Pitagyrros, servido num pão(pita) redondo frito no azeite grego, com carnes de porco, carneiro, frango – assadas como churrasco(gyrros) – tomate, cebola, batata frita e tzatzik (molho a base de iogurte, pepino grego, alho), tudo isso enrolado em formato de cone.
Nessa ilha existem ainda produtos muito característicos, de produção única, como o Vinho Robola. Visitar a vinícola é um ótimo passeio para as tardes nubladas. O mel da Cefalônia é muito particular, de gosto especial com um suave sabor de tomilho selvagem – vegetação nativa da ilha, encontrada em todas as encostas.
Pra quem gosta de ousar, conheça o Ouzo (a pronúncia é Uzo), uma bebida grega feita através da fermentação das cascas das uvas e aromatizada com anis – de alta graduação alcoólica, 37 a 50 graus –, licorosa e transparente, que fica com aspeto leitoso quando adicionado água fria e gelo, muito refrescante, servida sempre com aperitivos deliciosos gregos – Meze.
Caminhadas pela vila ao anoitecer antes do jantar são um charme, não só pelas lojas de artesanato local, como também para andar pela pequena floresta que leva ao farol, de cuja ponta se tem uma visão privilegiada das montanhas e do canal, que separa Cefalônia e Itaka – a ilha de Ulisses.
Fora da temporada de verão, a cidade e praticamente toda a ilha reduzem sua população para 30%, apenas os serviços básicos continuam funcionando. Nos meses de inverno, a ilha é completamente deserta, alguns hotéis fecham nessa época.
Mesmo estando em Fiskardo na ponta norte da ilha, existem muitos lugares para conhecer além das praias, onde a cidade oferece aluguéis de carros, motos, quadriciclos e bikes, a preços razoáveis. Aproveite para visitar o lado oeste da ilha, virado para o mar aberto, onde encontrará enormes penhascos, onde as ondas se jogam com força nas pedras e se vaporizam em milhares de gotas salgadas. O pôr do sol ali é mais um espetáculo, existem bares com decks sobre os penhascos, com bela música grega, ambientes alegres que combinam com férias.
Para comunicar-se na Grécia é preciso um pouco de inglês, os cardápios nos restaurantes costumam trazer fotos dos pratos. Quanto mais para o interior da ilha e fora da alta temporada, mais difícil se torna encontrar alguém que fale inglês fluente, mas isso não é nenhum problema, os gregos são muito educados e sabem agradar os turistas.
Aventure-se em cumprimentar os gregos na língua local quando estiver na ilha, você receberá de volta uma entusiasta e calorosa resposta. Agora umas dicas para receber um sorriso em troca:
Iasus – oi e tchau ( se diz ao entrar num lugar ou quando se vai embora)
Kalimera – bom dia
Kalispera – se diz depois do almoço, vale como boa tarde e boa noite
Kalinikita – é um boa noite para despedidas, quando não verá mais a pessoa.
Parakalo – essa palavra abre portas, significa: por favor, às ordens
Efikaristo – obrigado
Para os ousados, depois de alguns ousos – Ego se agapó / Eu te amo – se ouvir isso, provavelmente você está arrasando corações, mas se é você quem diz, talvez seja melhor parar com o ouso, pedir a conta e voltar para o hotel…
Festas gregas, daquelas em que se quebram pratos, você não vai encontrar em cidades turísticas, mas somente onde os gregos passam suas férias, longe dos lugares comuns para turistas. É possível que num restaurante simples, com mesas debaixo de árvores, aconteça de ter música ao vivo e de as pessoas se animaram um pouco mais e começarem a dançar. Nessa hora, peça outra bebida ou um café e aguarde, vai rolar grandes emoções e pratos quebrando no chão. É contagiante a alegria grega.

Pra chegar: Cefalônia tem um aeroporto internacional com voos de muitos países europeus e alguns do oriente médio e norte da África. Ou você ainda pode chegar até lá de Ferryboat , a partir de Atenas ou da Itália – várias cidades italianas.

Dica: Em Fiskardo existem pequenas pousadas, hotéis e casas para aluguel de temporada. Ou ainda, se gosta de mar e sabe velejar, há muitos barcos confortáveis para charter, que são uma boa pedida, porque, além de dormir a bordo e economizar as diárias do hotel, você ainda pode ir para a praia ou a ilha que quiser, além de fazer algumas das suas refeições a bordo – restaurantes nem sempre são baratos. Para quem não sabe velejar, é possível contratar o barco com um comandante, profissionais que normalmente falam vários idiomas, conhecem muito bem a região e são pessoas divertidas e de fácil convívio.

Artigo publicado na Revista on line Vitrine RS

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Bibiela


Hoje, pelo menos hoje,
aproveite muito seu dia,
seja feliz nos detalhes,
se deixe abraçar,
beije muito,
ria bastante,
dê gargalhadas,
emocione-se!!!
Porque  quinze anos pode não parecer,
pois demora  muito pra chegar,
mas vai durar pouco e passa muito rápido,
sinta-se plena com a idade que vc tem agora
pois vc  terá sempre uma única vez,
cada uma das idades que completar.
Seja intensa na sua vida,
 escolhas,
 caminhos,
sonhos.
gabi
PS: super, apertado abraço, beijocas e tudo de melhor pra vc

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Sobre os lençóis

 

lenis-150   

Às vezes sou resistente a visitar um lugar clichê, esses cujas fotos já vimos centenas de vezes, em reportagens sobre o paraíso. Se você também é assim, esqueça tudo o que viu ou ouviu até hoje sobre as areias e lagoas dos Lençóis Maranhenses.
Como estava em Recife, fui de avião até São Luiz, depois tomei o ônibus que faz a linha São Luiz – Barreirinhas. A estrada é asfaltada e está em bom estado, e a viagem dura umas quatro horas, com direito a uma parada na beira da estrada para saborear o tradicional e típico refrigerante rosa local, “Jesus”.
Sem uma estação rodoviária, os ônibus que chegam à cidade fazem parada em frente a uma quadra esportiva. Muitos guias chegam querendo te conquistar, num delicioso jogo de delicadezas e gentilezas, oferecendo passeios, pousadas e promessas de paraísos inesquecíveis… Se estou exagerando? Nem um pouco, é assim mesmo que acontece. E não se preocupe, todos os guias são cadastrados na prefeitura e no IBAMA, pois só empresas oficialmente cadastradas podem entrar no Parque dos Lençóis.
Escolhida a pousada, parti para um bom e refrescante banho de rio. Já estava anoitecendo quando resolvi caminhar, explorando as ruas e o comércio de Barreirinhas. A cidade tem bons restaurantes, e a cozinha local agrada aos variados paladares. Outra atração são os sucos, caipirinhas – pra quem curte – e os saborosos sorvetes de frutas nativas.
Passei pela agência de turismo – cujas portas ficam abertas até a chegada do último ônibus – indicada por uma amiga e escolhi o passeio para o dia seguinte. O dia amanheceu preguiçoso e, embora já fosse outono, fazia calor e sol desde muito cedo. Fiquei a manhã toda na rede de frente para o Rio Preguiça.
O caminho que a Toyota fez para nos levar às lagoas Azul, Esmeralda e Dos peixes já era uma aventura, a estrada de areia fofa com trechos com água que, combinados, tornam-se uma perigosa areia movediça. É preciso muita experiência para rodar por ali.
Ao chegar, via somente um mar de areias sem fim. Depois de uma pequena subida, pude ver inúmeras lagoas circundadas pelas dunas, de areias brancas e muito finas. Escorrego do alto das areias e vou mergulhando nas águas transparentes e mornas, tão agradáveis quanto um abraço. Caminho por horas nesses oásis.
Ao entardecer, o sol modifica toda a paisagem, as areias brancas ficam de um vermelho alaranjado, e as lagoas refletem as nuvens coradas no seu silencioso espelho d’água.
O segundo passeio, no outro dia, foi pelas águas do rio Preguiça, passando por mangues, dunas de areias vermelhas, longas lagoas rasas, e o Farol de Mandacaru e Caburé, uma faixa estreita de areia que separa o mar do rio Preguiça. Imagine só tomar banho de mar e de rio, separados por poucos passos, quase ao mesmo tempo.
Dependendo da época do ano, pode-se visitar a lagoa Bonita, que é mais longe da cidade e exige que caminhemos um pouco mais. Ao chegar lá em cima, fiquei sem palavras, nem tanto pela subida íngreme, mas porque se tem a exata dimensão da extensão do parque, dezenas de quilômetros de dunas e lagunas de água doce até chegar ao mar.
O que mais me impressionou foi o vento constante, apagando qualquer marca que deixássemos nas areias, o que torna muito fácil se perder por lá.
Outro passeio que vale a pena é Cardosa, onde se desce o rio de boia, simples assim. O rio tem uma temperatura agradável, águas transparentes, muitas árvores margeando e fazendo sombra. O rio é raso, de fundo de areia branca e correnteza muito fraca, o que nos permite descer lentamente, curtindo a experiência e se divertindo. Não se preocupe, no fim do rio não tem uma cachoeira, o passeio acaba numa espécie de praia.
Depois de cinco dias em Barreirinhas segui viagem, debaixo de chuva, numa Toyota com três bancos na carroceria para Paulino Neves, que foi outra boa aventura. As trilhas (que os nativos chamam de estrada) que nos levam à primeira parada, Paulino Neves, desapareciam em meio às dunas e lagoas, sem quaisquer vestígios que pudessem sinalizar uma estrada. Por ali, vi todo tipo de animais, vivendo livres nos Lençóis Pequenos. Foram quase 4 horas para percorrer 72 km, de uma beleza que me fez esquecer de todo o resto do desconforto.
De lá segui para Tutóia, onde pernoitei durante os dias em que fiquei pela região, nos canais do Delta do Parnaíba, ilhas, dunas, praias desertas, lagoas de água doce e transparente. Vi cavalos selvagens vivendo livremente pelas ilhas, raros guarás azuis, caranguejos vermelhos, a beleza, a delicadeza e as surpresas dos manguezais, onde visitei o berçário de cavalos marinhos nos mangues.
Tutóia é a última cidade do Maranhão, quase na fronteira com o Piauí, pequena, simples e bem organizada, tem até faculdade. A vida cotidiana gira em torno das águas, das marés, da pesca de peixes, do caranguejo transportado aos milhares para todo o mundo, dos barcos e do turismo.
Perdi a noção do tempo andando pelas dunas nas ilhas, nadando no mar e nas lagoas. O tempo parou em algum lugar, talvez sobre as águas prateadas do Delta, caminhei pela praia, sem destino, ainda é muito cedo para partir.

Como chegar:
De avião: até o aeroporto de São Luiz e, de lá, há uma linha de ônibus três vezes por dia para Barreirinhas, ou, ainda, até o aeroporto de Teresina, que fica bem mais perto de Barreirinhas. Outra opção para quem está de carro 4×4, é percorrer o litoral desde Jeriquaquara. Várias agências de turismo oferecem esse tour com veículos apropriados.

Dicas:
Sempre faz calor no nordeste, o que diferencia as estações é que de maio a novembro não chove e, de dezembro a abril, tem pancadas de chuva todos os dias. Portanto, coloque na sua bagagem roupas leves, algumas blusas claras de manga comprida para proteger do sol nas caminhadas, muito protetor solar, boné ou chapéu, óculos de sol, chinelos para andar nas dunas, repelente, máquina fotográfica.
Nos passeios, leve água e algum lanche, porque eles costumam durar muitas horas. Na cidade, há uma agência do Banco do Brasil, um posto do Bradesco que funciona nos Correios, e agências lotéricas para os clientes da CEF.
Para mais informações de passeios, agências ou outras dicas, escrevam para a coluna Prazer em Conhecer.

Artigo publicado na Revista VitrineRS