É normal que a palavra abandonada nos dê uma ideia de algo ruim ou tenha um conceito negativo, o abandono nos dá a impressão de desperdício, mas para mim isso nunca foi assim.
Desde pequena sempre tive fascínio por lugares abandonados, pela beleza como a natureza transforma um lugar depois que os humanos foram embora.
É como se a vida pudesse retomar seu curso, independente do que foi feito pelo homem, os musgos, ervas daninhas, as flores, arbustos e até árvores vão lentamente crescendo, vivendo e tomando conta do lugar abandonado, e cobrem de beleza o que se tornou feio pelo descaso, então toda a paisagem se transforma em beleza, em mata, floresta.
E cada um desses lugares guardam sua história, suas lembranças escondidas nas paredes, muros onde a vida retoma seu lugar desordenado, numa organização que só a natureza é capaz de fazer.
Desde muito pequena as casas abandonadas me fascinavam pelas plantas que nasciam nas frestas, pelas flores que enfeitavam o que era feio. Encobria qualquer vestígio do passado, da vida de outras pessoas, numa força verde e contínua, num tapete alto de musgos verdes.
Quando toda vida e morte deserda do lugar, é nessa hora que o abandono se torna memória, é quando até quem ali viveu ou construiu já não existe, mas sobrevive no verde que cresce como uma homenagem à vida que continua.
Pois o tempo não para, nem te espera, nem envelhece; se renova a cada chuva, a cada manhã de sol e reconta os desalentos da humanidade.
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