quinta-feira, 11 de abril de 2013

La carta cerrada

 

Tinha acabado de chegar em casa, de viagem, cansada e feliz.
Um amigo que não via há muito tempo, tanto tempo que nem me lembro quando, me chamou, como se fossemos vizinhos, como se fosse ontem que nos vimos atravessando a rua.
Abraços, conversas, e assim de repente ele me conta
que sobre a declaração do amor do nosso amigo em comum.
Veja bem, foi declarado para ele, não a mim, a interessada, como um segredo.
Achei exagero, fiz que não prestei atenção e continuamos outros assuntos, mas antes de nos despedir, como para saldar uma dívida antiga com o nosso amigo em comum, ele me entrega a tal carta.
E me avisa, com lágrimas nos olhos, que ele morreu.
Como, onde, quando, quis perguntar mas, tinha um nó na garganta, me faltou a voz.
- Faz um ano e pouco, logo depois que você esteve lá, num acidente.
Fiquei dois dias com a carta encaixada no espelho, olhando sem tocar.
Agora estou aqui com um envelope nas mãos, sem abrir.
Agora que a morte te alcançou saberei ler seu amor?
Agora que é tarde demais para saber?
E quando o amor acontece numa antiga carta de amor?
Uma carta escrita com sua letra reconhecida.
Te fazendo reviver nas minhas lembranças.

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