Outro dia Mateus leu no G1 que na Itália uma pequena cidade de 598 habitantes se declarou Principato di Filettino, para obter sua independência do estado italiano, devidas as medidas de cortes de orçamentos tomadas pelo governo federal.
Já criaram e imprimiram sua própria moeda. O prefeito com isso conseguiu chamar a atenção da mídia internacional para sua pequena cidade, que fica a 100km de Roma.
Nós que estamos começando nossas férias não podíamos deixar passar essa oportunidade histórica!
Quem disse que é só no Brasil que tudo acaba em pizza?!
Se que saber mais sobre Filettino, leia o artigo do The New York Times via UOL e visite o site do Principado http://www.principatodifilettino.com/
Contrária a medidas do governo, cidade italiana quer virar principado independente
Elisabetta Povoledo
Filettino (Itália)
The New York Times
Quando o governo italiano anunciou, em meados de agosto, que obrigaria as cidades com menos de mil habitantes a se fundir com as cidades vizinhas como parte de um plano emergencial para cortar o orçamento, houve protestos estridentes por todo o país.
Evocando a história da Itália, uma nação forjada a partir de incontáveis cidades-Estado que protegem suas tradições locais, dialetos e diversidade, alguns dos prefeitos das 1.963 cidades afetadas pela medida “trancaram” as portas de suas cidades. Outras disseram que receberiam imigrantes da Líbia afetada pela guerra para aumentar sua população acima do marco dos mil habitantes.
O prefeito de Filettino tem aspirações maiores: ele quer que sua cidade nas colinas a leste de Roma – com 598 habitantes – se transforme num principado independente.
“Se é isso que é necessário para manter a autonomia da cidade e proteger seus recursos naturais”, disse o prefeito Luca Sellari, que foi eleito em maio. Além disso, acrescenta ele: “todos sonham em ser príncipes”.
Como é apropriado a um monarca, Sellari não perdeu tempo para correr atrás de seu sonho. O pretenso principado tem um brasão que agora aparece em tudo, desde camisetas (“que vendem muito”, disse Sellari) até um licor, o Amaro do Principado, que uma bartender local, Maria Cerrocchi, disse ser apenas uma garrafa de outro licor “com um rótulo fotocopiado colado em cima”.
Filettino até imprimiu sua própria moeda, o fiorito, que significa “florido” (“como a cidade irá florescer com sua nova natureza”, explicou o prefeito) e que remete ao florin, a moeda cunhada no século 13 em Florença. Se os fioritos se tornarem uma moeda legal (até agora eles são apenas souvenires), a taxa de câmbio deverá ser estabelecida em 2 para cada euro.
“Veja só, resolvemos o problema do debate público”, disse Enio Marfoli, que é conselheiro de cultura e oboísta em tempo integral e planeja escrever o hino nacional. Marfoli disse que já estava fazendo sua parte para ajudar o estado italiano a cortar as despesas administrativas: como conselheiro, ele trabalha de graça. “É basicamente trabalho voluntário”, disse.
Por toda a Itália, prefeitos de cidades pequenas estão irritados com o fato de o governo nacional ter escolhido cortar seus orçamentos relativamente insignificantes em vez de atacar temas grandes e politicamente delicados como aumentar a idade de aposentadoria do país.
“Você sabe quanto os prefeitos e conselheiros das cidades pequenas da Itália custam ao Estado?”, perguntou Franca Biglia, presidente da Associação Nacional de Cidades Pequenas, conhecida como ANPCI. A resposta: 5,8 milhões de euros, disse ela, quase o mesmo que o Parlamento baixo “paga por seus serviços de restaurante”.
Ela acrescentou: “nós trabalhamos como loucos, e eles querem cortar uma coisa que custa o mesmo que a cozinha do Parlamento. O que eles estão esperando? Que uma revolução estoure?”
O governo, ao que parece, pode estar alimentando ideias parecidas. Depois que os prefeitos da ANPCI protestaram em frente à câmara baixa na sexta-feira (26 de agosto), eles garantiram que suas preocupações seriam levadas em conta quando o Senado votasse sobre as medidas contra a crise no começo da semana.
Também há sinais de que o governo está amolecendo em outras frentes, como os cortes propostos a institutos de pesquisa com menos de 70 funcionários ou às províncias com menos de 300 mil habitantes. Notícias sugerem que essas duas medidas podem ter surgido do orçamento de emergência que foi adotado às pressas em 12 de agosto num esforço para acalmar os mercados financeiros e satisfazer o Banco Central Europeu, que estava pressionando a Itália para acelerar o trabalho de equilibrar seu orçamento.
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Mas mesmo que a medida que obriga as pequenas cidades a se fundirem seja retirada, Sellari, o pretenso príncipe de Filettino, disse que levará adiante seus planos monárquicos. Ele deve se encontrar na segunda-feira com um dos advogados mais famosos da Itália para examinar o aspecto legal da secessão – os detalhes constitucionais que ele tem certeza que serão superados.
“Faz parte do lema do principado”, disse ele. “'Nec flector, nec frangor' – não vamos nos curvar nem quebrar no que diz respeito aos nossos planos.”