sábado, 25 de fevereiro de 2012

Era uma vez

 


        Num mundo de realidade paralela, que podia ser no mar, mas parece que não foi ali a bordo que as coisas se desenrolaram, existe uma garota que resolveu vender um segredo..  foi assim que tudo começou:
        Um grupo de amigos estavam numa festa, e depois de superados alguns níveis alcóolicos, chegaram a conclusão que na vida todo mundo tem um podre, um segredo, do tipo o lado negro da força, mas que  entre eles, amigos, isso fazia parte do fortalecimento da amizade.
       Mas  um  dos rapazes, Júpiter, digamos que se chama assim, resolveu lançar o desafio:  - pois comigo não, ninguém absolutamente, sabe nada.
       Nesse momento o minuto de silêncio pesado foi destroçado por um riso contido dos amigos.
      Abro aqui um parênteses, todos sabiam o segredo dele, somente ele não imaginava que alguém soubesse do seu segredo.
      A testemunha do fato, vendeu o segredo de forma muito discreta aos presentes, em várias outras ocasiões, conseguiu viagens e talvez outros privilégios que não posso contar porque não fui informada.
     A verdade é que o segredo era realmente interessante, e a competência da vendedora de segredo fez com que a coisa crescesse de forma que o mundo inteiro já sabia o segredo, inclusive eu, que não conheço os protagonistas dessa história, mas menos ele Júpiter,  que nem desconfiava  que seu  segredo havia sido desvendado.
      Ninguém falou nada com ele. Foram todos amigos, não julgaram nem destroçaram a reputação de Júpiter.
      Porém o segredo se espalhou pelos quatros ventos da terra e do mar. Na minha opinião ou ele não lembra de nada ou para ele o acontecido não teve nenhum mistério.  Seja o que for:
      Nas mãos a intenção, no verbo a ausência,  na língua dos homens a expressão do desejo.



PS: Pra quem conhece o segredo poucas palavras são a revelação, quanto a mim que não conheço os personagens, não vou fazer como a garota que vendia segredos,  mas deixo aqui nas entrelinhas das palavras o segredo recriado.
Essa história que ouvi, acredito possa  até ser fictícia, mas que talvez seja real ou não, sei lá.

Ouvindo a conversa alheia

 

Um casal conversando no píer:
- Mas querida de baixo da canga você está nua?
- Oras bolas estou de canga!
Eu muito intrometida,  confesso que sou,
não resisti e falei :
- Pensando bem, debaixo das roupas,
todos nós estamos nus!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

El Calafate

 

glaciarpmoreno (18)

     A patagônia é basicamente plana, com centenas de quilômetros de vegetação rasteira em tons de amarelo e vermelho. E, durante todo o percurso, à minha direita, seguindo a estrada rumo ao sul, para El Calafate, tenho como companhia a neve eterna da Cordilheira dos Andes.
     Passo por enormes lagos de uma cor azul esverdeada, quase artificial, o vento forte e constante castiga a vegetação e a minha pele e faz o carro inclinar. O vento, nessa parte do planeta, é um elemento constrangedor, e o frio, indomável.
    A cidade El Calafate é pequena; na rua principal concentra-se o comércio local e, espalhados pelos morros e em torno do Lago Argentino, estão as casas e os hotéis. Simpática e acolhedora, a cidade oferece muitos restaurantes bons, para todos os gostos e bolsos – aproveite o cordeiro, especialidade da região. Possui ainda aconchegantes cafés, chocolaterias e sorveterias. O fim de tarde é muito agradável pelas ruas de El Calafate.
     Existem ainda várias agências de turismo que oferecem passeios ao Parque Perito Moreno e, devo dizer, esse é o ponto alto da visita nessa região.
Rumo ao oeste, saindo da cidade, pegue a estrada de asfalto que circunda o Lago Argentino e aprecie a vista, do lado oposto ainda se avistam as montanhas nevadas da cordilheira dos Andes.
     Depois de percorrida a metade do caminho, as curvas ficam acentuadas, as montanhas com vegetação mais densa e verde, florestas enormes se apresentam à sua frente e, após quase oitenta quilômetros, você vai perder o fôlego: numa curva, de repente, aparece o Glacial, um gigantesco bloco de gelo azul maciço. Na entrada do parque você recebe as instruções, mapas e, depois de pagar, siga de carro por alguns quilômetros dentro do parque, estacione, se for por seus próprios meios, e comece a explorar as trilhas, que são caminhos muito bem organizados e sinalizados, com as distâncias percorridas e o percurso que falta para cada ponto de apoio ou mirante.
     Se a primeira impressão é a que fica, devo confessar que não consegui tirar os olhos nem por um segundo do azul do glacial, é hipnotizante. Dizer que é um espetáculo é cair no lugar comum, e isso é desmerecer a grandiosidade e beleza do Glacial Perito Moreno. Fiquei horas acompanhando o movimento daquele gigante azul, o silêncio solene faz parte do contexto, até os turistas murmuram. Às vezes, a queda de placas de gelo, que se desprendem, despencando lá do alto nas águas frias do Lago Argentino, quebra o silêncio formal, num estrondo que impõe respeito e nos faz desejar estar seguro em terra.
   Tirei centenas de fotos,mas para ser pouco precisa, pois nenhuma chega dar a medida exata do impacto da beleza natural que é o Glacial Perito Moreno, que me surpreendeu a cada minuto que eu passei ali. Só isso já valeria a pena chegar tão longe.
   Deixe-se aquecer pelo sol, protega-se do vento castigante, mas nem pisque para não perder nenhum detalhe, deixe impresso na sua alma essa experiência única.

Como Chegar: O mais fácil é de avião, vindo de Buenos Aires. Existem também várias linhas de ônibus que vão até El Calafate em estradas asfaltadas. Se for de carro, será preciso um pouco de organização e ainda de documentos na entrada do país, um bom guia e alguns mapas, e então se prepare para conhecer a patagônia argentina, pois o caminho já é uma aventura para os olhos.

Dica: Mesmo indo durante o verão, leve agasalhos, luvas, gorros, cachecol, roupas e sapatos confortáveis, e ainda impermeáveis para as caminhadas, pois é uma região que tem um alto índice de chuvas. Use protetor solar mesmo no frio, para proteger a pele de queimaduras.
Se você gosta de experimentar coisas típicas, prove a Cerveza Patagônia, é uma cerveja artesanal, feita na região, de cor um pouco avermelhada e de um sabor delicioso, é imperdível. Para o passeio no parque leve um lanche, água e frutas, faça um piquenique em um dos mirantes dos “senteros”, mas lembre de levar todo o seu lixo de volta.
Existe um Hotel dentro da área do Parque, que funciona somente alguns meses por ano. Todas as suas acomodações têm vistas para as geleiras, e ele é ecologicamente projetado para ser autossustentável – toda a água usada é reaproveitável, e o esgoto 100% tratado . Os preços são bem salgados, mas não se iluda, a procura é grande e, sem reservas, você não conseguirá vagas.•.

Artigo publicado  na Revista on line Vitrine RS