sábado, 14 de maio de 2005

Eternamente

 

Hoje lendo o que nos escrevemos não consigo imaginar diferente nada, é como se as coisas estivessem no lugar, do jeito que tinha que ser e depois de 31 anos tenho a impressão que ainda há muito o que acontecer.
E logo que li sua proposta meus pensamentos foram inundados por idéias e imagens sem fim, nos imaginei o dia todo juntos num lugar tranqüilo, e nós dois conversando, conversando e escrevendo e rindo.
As cartas queimadas, as horas de telefonemas e mails, muitos mails.
Onde, em que lugar eu e você jovens? Viajamos uma única vez juntos.
Como serão as lembranças as histórias particulares que se cruzaram de alguma forma. Você foi o porto seguro e eu a tempestade em mar aberto, mas muitas vezes invertíamos os papéis, as vezes eu era o forte outras não.
Escrever será como num dialogo.
Uma curiosidade, não me recordo de nenhuma “nossa música”, e tínhamos?
Quer saber de uma coisa, você me devolveu um sonho que eu não pensava há muito tempo então te agradeço de novo pela sua constância.
E no início será como… Talvez
Todos estavam incomodados com nós dois que conversávamos por horas:
"Você, eu conheci numa festa de aniversário (mês de outubro, acho) de 1979…
Se lembra de quando me conheceu? Naquela mesma festa que falei acima? Ficamos conversando a noite toda. Falamos de tudo que nossa inexperiência (e nossa vontade de abraçar o mundo) de 15 anos poderia falar. Chega de nostalgia…
"As vezes também me lembro da época que éramos jovens e a única coisa que sinto é não ter aproveitado minha juventude,não o bastante, aos extremos como cabe à juventudde mas saudades também, ainda não tenho, acho que não deixei muita coisa para trás, vivi com certa intensidade e posso te dizer que depois dos 30 minha vida ficou cada dia melhor!!
Ler seu mail me emocionou muito, bastante mesmo! Naquela época eu já queria abraçar um mundo e não enxergava a um palmo do meu umbigo. Mas suas palavras me trouxeram de volta, foi como um filme…
Me devolveua alma, a esperança, e as lembranças de jovem, como éramos jovens!! Talvez não tenha levado  por todos esses mares, as lembranças e recordações, a amizade levei por que não precisa de nada em troca, sei que seremos assim por toda a vida…  agora pensei na vida, nas pessoas que conheci. Somos todos diferentes e loucos pela mesma coisa. Nem sei te dizer nada sobre o que é amar.
No fim terão letreiros e cartazes, como no cinema..
Não, não, melhor assim:
Somos cúmplices na loucura e lucidez à distância um do outro.
E você diz: – ‘eternamente’
Peraí isso é outra história. Acho que assim já está bom.
Agora é a sua vez de escrever … o proximo capítulo.

quinta-feira, 5 de maio de 2005

O que sei de silêncios

 
Mas importante do que se fala é o que não se falou.
O que é amor senão estar frágil em meio a um tiroteio,
no momento de se reconhecer comum e dispensável...
e o incomensurável torna-se alimento
imprescindível da contuinuidade
... e ceder ao fascínio de me expor
e, me supor mortal, nua e fulgás.
Os desejos se satisfazem dos acasos,
senão ao te ver partir e querer tudo, todas as emoções
porque não te amo ao momento em que me adoras.
Te sorrir. Te envolver, mas nada
tanto nada... que nem sei amar
senão a quem me odeia e assim por um único segundo
me esqueci da angústia,
dessa solidão que me devora de prazer.
Me desfaz, maltrata e ama
Num amor exclusivo, de delírios e sombras
tão frio que nem sinto o ardor do seu corpo aquecido ao sol.
Como uma dor pungente,que não dói,  goteja, de loucura e fantasia.
Entrego a cada palavra, pedaços do meu corpo, aos punhados,
como terra antes da chuva, pouco antes de se tornar barro,
para me transformar, tornar à unidade
expressa por mãos, que ocultam os segredos dos sonhos,
da verdade, do óbvio.
Nesta vontade de sair correndo, percorrendo a outra estrada,
a gruta... a água
os pássaros negros povoam que meus pensamentos.