Da janela do sétimo andar vejo no prédio da frente, no segundo andar,
um casal que me parecem aposentados, passam o dia todo no que foi uma varanda
e que hoje é fechada com enormes janelas, lá tem duas poltronas brancas e um sofá azul,
uma pequena mesa de centro e por fim o ar condicionado que é ligado raramente.
A qualquer hora do dia eles estão ali, sentados lendo, fazendo palavras cruzadas,
falando ao telefone ou dormindo, ele sentado e ela deitada num sofá de dois lugares.
De vez enquando na parte da tarde eles desaparecem, normalmente ficam juntos
e sem conversarem. Uma única vez vi uma visita, era um homem jovem,
conversava e gesticulava com intimidade, ah e no carnaval desse ano eles viajaram.
Quase toda manhã enquanto lê o jornal ele tem um pedaço de papel
para secar algum machucado no rosto feito ao se barbear.
Outras vez ele fica olhando fixo um quadro na parede.
Ela desaparece mais vezes, para dentro do apartamento, durante o dia.
Nunca os vejo conversando ou interagindo.
Devo confessar que não moro aqui, venho muito raramente, a cada dois ou tres meses,
mas não tem uma única vez que a rotina deles muda, agora mesmo sei
que se olhar pela janela, lá estarão eles no nada, no silêncio
e solidão da vida idosa de Copacabana.
Enquanto estou escrevendo a chuva aumenta, vou fechar minhas janelas,
não resisto e olho para baixo, a janela estava fechada, o lugar escuro
e não havia ninguém.. xiiiiiiiii.. o que foi feito dos meus vizinhos?
Livro de cabeceira: histórias e outras conversas; nos mares, nos barcos, nas viagens, em todos os lugares. Tudo o que vi, conheci e vivi... ou ainda vou querer.
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Vista permanente
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