quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ushuaia –

 

O início é logo ali no fim do Continente

Acordando mto cedo para ver neviscar

 

Dizem que fica no fim do mundo. Mas é ainda tão isolada e selvagem que parece mais o começo do mundo, mas é logo ali na pontinha da nossa América do Sul, demora para chegar, mas vale à pena ir, conhecer, visitar e ficar por lá.
Escolha a época do ano que quiser, será sempre frio ou muito frio.
Para chegar atravessamos o Estreito de Magalhães de ferryboat e percorremos de carro toda a ilha da Terra do Fogo, poucos quilômetros de estrada de ripio do lado chileno e asfalto na maior parte argentina da ilha.
Paisagens patagônicas onde predominam a vegetação rasteira, muitos carneiros, lagos, florestas e o Oceano Atlântico completamente enlouquecido, pelo o vento forte, que arrebentava violentamente suas ondas nos penhascos e praias.
É uma cidade pequena que não tem para onde crescer, cercada por montanhas nevadas, da Cordilheira dos Andes e o mar no Canal de Beagle, numa baia calma de água abrigadas para quem se arrisca a vir pelo mar.
Que afinal pode ser uma boa experiência, porque Ushuaia, na antiga língua indígena local, significa baia protegida.
A temperatura média da região é de 4,7 graus. Oscilando de julho a janeiro de 0,5 a 10 graus. Também espere chuva/neve em pleno verão.
Muito bem agasalhado você pode sair para caminhar pelas ruas e ladeiras da cidade. O vento constante uiva, querendo descobrir seus segredos, e a neve nas montanhas bem próximas, nos dá a impressão de que realmente aqui é o fim do mundo.
Mas que nada, a cidade é colorida, movimentada, gente de todas as idades, dias longos e com algum sol no verão, embora sempre seja frio.
Lembro-me de ter visto uma noite da janela do meu quarto o sol se pondo, tingindo as montanhas brancas de amarelo e vermelho. E já era passava da meia noite.
O que fazer na cidade? Museus para visitar, um Parque Nacional que possui uma linha de trem que percorre as montanhas nevadas dos Andes, com direito a um carimbo no passaporte escrito ‘ Fim do Mundo’.
Praticar atividades como: ciclismo, trekking, canoísmo, pesca, esquiar na neve, passeios de barcos, em ilhas no Canal de Beagle e no Farol do Fim do mundo. E para os mais corajosos até o Cabo Horn ou mesmo na Antártica.
Muitas lojas especializadas em roupas de esportes de inverno, agasalhos em couros, souvenir, eletrônicos. Seu povo é hospitaleiro e gosta de conversar, mesmo que você não fale o espanhol com desenvoltura.
A gastronomia no Ushuaia é outro atrativo, prove as centollas, uma espécie de caranguejo gigante delicioso, mariscos de todas as cores, sabores e tamanhos, o famoso cordeiro assado da Patagônia e naturalmente um vinho argentino de boa qualidade para acompanhar tudo isso.
Cafés e bares, chocolates e sorvetes são outras delicias que vai encontrar, e sim lá mesmo fazendo 5 graus todos tomam sorvetes.
Vir para esse destino é sair do lugar comum dos guias de viagens, tudo bem que não é fácil de chegar nem se adaptar ao frio nas ruas, mas é inesquecível.
É uma cidade e um mar que vai ficar em cada poro do seu corpo, guardado no cantinho mais quente da sua alma. Comigo aconteceu isso. A minha partida foi assim:
No dia anterior à partida, a baia era um espelho, o vento diminuiu tanto que estava quase quente. O entardecer que durou horas. De madrugada vi pela janela um céu ainda claro no horizonte a oeste.
Na manhã seguinte, foi a despedida fria do Ushuaia, fortes ventos, frio de 4°C e um céu ameaçadoramente negro, depois de poucos quilômetros, o céu desabou em lágrimas de flocos de neve, as árvores e o acostamento ficaram brancos, cobertos da neve fria, na triste despedida da Terra del Fuego.
Quanto estiver para ir embora você já terá vontade de voltar e antes da primeira curva, nas montanhas nevadas, logo quando a cidade desaparecerá da sua vista, fará uma promessa ,em voz baixa, dizendo que voltará numa outra estação para viver as outras cores e sabores do Fin del Mundo.

Como chegar: De avião vôos somente de dentro da Argentina, não tem vôos internacionais, já pelo mar tem várias empresas de navios de cruzeiro que fazem paradas no porto de Ushuaia.
De ônibus: têm linhas que vem de muitas cidades da Argentina, no inverno algumas estradas costumam ficarem interditadas por longos períodos.
De moto ou carro é tranquilo, as estradas estão em bons estados, tem ainda pedágios e boa sinalização, poucos postos de combustíveis, lembrando sempre que, é bom se informar do horário do Ferryboat para fazer a travessia do Estreito de Magalhães e entrar na Ilha Terra do Fogo.
De bicicleta, e vi vários ciclistas pedalando pela Patagônia, é preciso muita força nessa hora, porque o vento é cruel e incansável.

Dicas: Bom humor e muita força de vontade para sair da cama de manhã, luvas, meias, gorros, cachecol, casacos, sapatos confortáveis, de preferência tudo impermeável e mais todos os agasalhos de casa, amigos e vizinhos.
Embora por causa do MERCOSUL nós brasileiros não precisamos de passaporte para entrar e circular pela Argentina - basta à carteira de identidade com menos de 10 anos - existe a burocracia das alfândegas chilena e argentina para quem viaja por via terrestre.
Viajando pela Patagônia até ao Ushuaia na Argentina, deve-se passar antes pelo Chile. Então para entrar na Argentina e Chile o passaporte (se tiver naturalmente) e todos os documentos e seguro do veículo em ordem, facilitam e agilizam essa formalidade nas fronteiras.
O bom do frio é que consumimos grandes quantidades chocolates sem dor na consciência.
Bons ventos sempre e aproveitem a viagem.

Artigo publicado na Revista on line Osorio Shopping

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