terça-feira, 2 de novembro de 2010

Meu País inventado – Isabel Allende

Desde pequena desenvolvi um fascínio pelo Chile, por detalhes
que conhecia através de alguns chilenos que encontrei na infância e adolescência
e principalmente pelas palavras do poeta Pablo Neruda.
Mas dessa vez me sirvo de Isabel Allende para descrever o Chile que visito hoje:

“Comecemos pelo princípio, pelo Chile, essa terra remota que poucos conseguem
situar no mapa porque é o mais longe que se pode ir sem cair do planeta.
«Porque não vendemos o Chile e compramos algo mais perto de Paris...?»,
perguntava um dos nossos escritores. Ninguém passa casualmente por aqueles lados,
por mais perdido que ande, mas muitos visitantes decidem ficar para sempre,
apaixonados pela terra e pelas gentes. É o fim de todos os caminhos,
uma lança no sul do Sul da América, quatro mil e trezentos quilómetros de montes, vales, lagos e mar.(…)
Este esbelto território é como uma ilha, separada do resto do continente a norte
pelo deserto de Atacama, o mais seco do mundo, como gostam de dizer os seus habitantes,
mas isso deve ser falso, porque na Primavera uma parte desse cascalho lunar costuma
cobrir-se com um manto de flores, qual prodigiosa pintura de Monet; a leste pela cordilheira dos Andes,
formidável maciço de pedra e neves eternas; a oeste pelas abruptas costas do oceano Pacífico;
em baixo pela solitária Antártida. Este país de topografia dramática e climas diversos,
salpicado de caprichosos obstáculos e sacudido pelos suspiros de centenas de vulcões,
que existe como um milagre geológico entre as alturas da cordilheira e as profundezas do mar,
está unido de ponta a ponta pelo obstinado sentimento de nação dos seus habitantes.”

Um comentário:

Angeluska disse...

Que bom que voce gostou da dica do livro... Eu sou como ela, uma chilena no exilio, ou quase isso..haha..