terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mítica Ithaca

 

Sou muito suspeita para escrever sobre a Grécia, desde sempre fui apaixonada pela sua mitologia e sua história. Na Grécia a comunicação é fácil, em quase todo lugar se fala inglês, os gregos são divertido e sabe receber bem os turistas.

Um detalhe, as viúvas vestem preto pelo resto da vida, são muito bravas e pela tradição não podem falar com estranhos, por isso não estranhe se cumprimentá-las e receber um silêncio de volta. Mas a maioria dos gregos não é assim, ao contrário são um povo alegre e musical.

Tive uma experiência muito diferente na Grécia: uma noite na ilha de Kálamo, esperando na fila do telefone público, tinha uma senhora falando e um senhor grego antes de mim, que me perguntou de onde eu era. Quando respondi Brasil ele começou a falar as poucas palavras que ele lembrava em português, me contou emocionado meio em italiano e inglês, que tinha estado no Brasil há 40 anos por 6 vezes e  disse a tal palavra em português que quer dizer tudo: saudades.

Ele me puxou de lado pois era sua esposa ao telefone, para me contar que tinha deixado o melhor da vida dele no Brasil, o seu amor, uma garota que conheceu em Santos que trocaram correspondência por um tempo, depois a família da moça era contra o amor deles e não a deixou embarcar com ele para viver na Grécia. Pediu que eu falasse um pouco em português.

E com lágrimas nos olhos beijou minha mão, me deu seu amuleto, um pequeno cordão de contas que eles dizem que é anti-stress e um passatempo. Não tive como recusar. Agradeci: efikasristo, em grego por delicadeza. Me ainda disse que era ele que agradecia porque eu que tinha lhe devolvido a lembrança de uma fase bonita de sua vida.

Não sei seu nome, estive nessa ilha somente 10 horas. Nos folhetos turísticos dizem que é uma reserva florestal e a chamam de ilha do amor. Naquela noite, conversando na fila do telefone, fiz alguém se recordar que está vivo, que o que vivemos é o que vale a pena, nosso tesouro são as lembranças. Fui embora sem conseguir falar ao telefone com o Brasil e também com saudades.

A Grécia tem milhares de ilhas, escolhi vou falar sobre Ithaca, minha ilha predileta, já visitei umas cinco vezes sempre de barco e não me canso dela, é umas das três mil ilhas gregas e fica no Mar Iônico.

A capital e o porto principal, onde chega o ferryboat - única forma se locomover entre a maioria das ilhas é pelo mar - é  Vathi  uma baia muito abrigada, onde não se vê mar aberto, a noite costuma soprar um vento agradável e a ancoragem é tranquila e sem ondas. A cidade é toda montanha acima, as casas tem lareiras, mas na primavera e verão Ithaca tem um clima agradável. Na montanha mais alta, bem lá em cima tem um mosteiro, com uma vista de tirar o fôlego, onde se pode ver os dois lados da ilha.

Vivem em Ithaca 3000 habitantes o ano todo lá, na alta estação a população aumenta, os jovens voltam pra casa por causa do trabalho com o turismo. E no outono/inverno voltam todos para Atenas pra trabalhar ou estudar na cidade grande.

Existem diversas baias onde se pode trocar de lugar todo dia sem repetir. Kioni é um lugarejo de duas ruas, com casas construídas nas encostas, cheia de oliveiras, artesanato em ouro e vidro, restaurantes especializados em peixes e frutos do mar. E naturalmente praias de água transparente, muito limpa, sem ondas e desertas.

A praia que mais gosto é Pera Pigadhi, tem uma ilhota enfrente com o mesmo nome, o mar é azul turquesa. É uma praia típica do mediterrâneo, de pedrinhas redondas e brancas, de extensão pequena, as montanhas descem verticalmente até a faixa de pedras, não tem acesso por terra por isso está quase sempre vazia.

Ali perto, caminhando por mais de uma hora, morro acima, tem a nascente d’água, que dizem é a fonte da juventude.

A outra praia legal e cheia de histórias é a praia de Ulisses onde vivia Penélope que tecia uma peça no seu tear de dia e o desmanchava durante a noite a espera de seu Ulisses, segundo reza a lenda.

Ok, vou parar de falar de Ithaca para deixar o prazer de conhecê-la à quem quiser viajar pelos mares azuis gregos.

Como chegar: De avião para a Itália e em Bari ou Brindisi pegar o Ferryboat para Ithaca, geralmente faz várias escalas, a nave saí a noite e demora umas 9h de navegação por isso é bom comprar uma cabine para ir dormindo. Ou então de avião de Atenas (e outras cidades da Europa) para Corfu ou Zante e de lá pegar o transporte marítimo por poucas horas.

Dica: Experimente de tudo da cozinha grega, que é muito boa, o destaque fica para os maravilhosos iogurtes grego, Saganaki que é queijo feta frito, e a mais popular de todas a Pitagiros uma espécie de pão redondo frito no azeite grego, com carnes de porco, carneiro, frango, tomate, cebola, batata frita e tzazik (molho a base de iogurte) tudo isso enrolado em formato de cone. E bom apetite!

 

Texto publicado no site http://osorioshopping.com.br/category/colunas/prazer-em-conhecer/

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