A primeira vez que vi um salar fiquei sem palavras, talvez o que seja marcante é subir as altíssimas montanhas, ficar quase sem ar ao chegar no altiplano e dar de cara com um enorme lago branco, numa extensão ‘blanca’ a perder de vista, quase uma miragem cercadas de montanhas ainda mais altas do que onde estamos.
Por ali somente as lhamas e vicunhas circulam. Lagoas (quase secas), repletas de Flamingos, numa paisagem ainda mais bonita e impressionante. A natureza é exuberante e hostil.
Meu destino? O lugar mais seco do mundo: San Pedro de Atacama , Chile, de ruas estreitas de terra, onde o pó é uma constante, o vento carrega além da terra vermelha uma areia fina, a visibilidade quando está ventando é muito baixa.
A vila é muito pequena com casas feitas de um tijolo de barro cru que são muito eficientes, durante o dia enquanto tem sol as casas são frescas e agradáveis ao escurecer elas são quentes e acolhedoras.
Os restaurantes da cidade são para todos os gostos e bolsos. As frutas são irresistíveis, saborosas e com um odor inebriante. O povo chileno têm tradição e fama de receberem bem, por isso aproveite o lugar e sua hospitalidade.
Os passeios podem ser feitos de bicicleta ou contratando alguma excursão nas dezenas de agencias de turismo. Se estiver de condução própria, um mapa, guias e uma visita às informações turísticas oficiais é o suficiente para organizar seu próprio roteiro. Visitei salares, o vale da lua, o vale da morte e as lagunas, lá tem o que fazer todos os dias e o dia todo se quiser, quatro dias para quem tem pouco tempo é o suficiente pra conhecer o deserto de Atacama.
No alto na cordilheira, onde os picos das montanhas ainda estão com gelo mesmo quase no meio da primavera e depois da última subida, ao fazer a curva tome fôlego, você vai ver a Laguna Miscanti.
Nessa hora fiquei imóvel, sem palavras por causa da beleza, do frio (o termômetro do carro marcava 3 graus), pela altitude de 4207 metros e pelo vento que não dava trégua.
Detalhe: antes de sair para esse passeio, quando estava ainda na cidade, tinha muito sol e uma temperatura agradável, assim fui de bermuda e blusa de manga comprida, sem agasalho, foi o pior frio que eu já passei. A beleza e o impacto de ver esses lagos completamente azuis, quase violeta, no meio do deserto vermelho-terra, dos salares branco sujo, é uma tatuagem na alma e me fez esquecer o frio de bater queixo.
O deserto, o salar, as lagunas, a areia, o cemitério indígena na beira do caminho, sem cruzes ou nomes, somente com pedras empilhadas, qualquer um desses detalhes, que mudam de cor conforme a luz do sol, ao amanhecer e ao entardecer, e cujos nossos olhos não estavam acostumados, deixou sua marca na memória, nada foi ou será igual a esse espetáculo de exuberância da natureza, desse lugar seco e frio, de sol todos os dia, que nunca chove e de muito vento.
Depois do primeiro impacto da beleza estranha, o deserto quase sufoca, não pelo calor, frio, vento, sol, mas pela secura agressiva, hostil da poeira, que é a terceira margem da vida no deserto.
Fui embora depois de cinco dias com saudade adiantada da delicadeza que antagonicamente só um deserto pode oferecer, ficou faltando conhecer o inverno branco desse lugar, que me aguarda numa outra vez.
Como Chegar: de avião via Santiago / Calama, depois mais 1h30 de carro até San Pedro de Atacama, em Calama pode alugar um carro para ter mobilidade, ou pegar um ônibus que faz essa linha ou ainda o transfer da agencia de turismo contratada. Tem a opção ainda de ir de carro da Argentina partindo de Salta.
Dica: Verão e inverno são altíssima temporada. Os preços sobem e é preciso reservas antecipada nos hotéis e pousadas. Estive na primavera e a cidade estava quase vazia, foi fácil achar uma boa pousada por um preço melhor ainda. Leve soro fisiológico para umedecer as narinas, colírio, protetor labial, manteiga de cacau, protetor solar, roupas para o calor do dia e o frio das noites.
Texto publicado no site http://osorioshopping.com.br/category/colunas/prazer-em-conhecer/
Nenhum comentário:
Postar um comentário